BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO DOS SANTOS


DIFERENÇA ENTRE SANTOS CANONIZADOS E NÃO CANONIZADOS

Antes de tudo, vamos distinguir entre santos canonizados e não canonizados. Tanto estes como aqueles estão no céu.

- Santo canonizado é aquele sobre quem o Papa, baseado em depoimentos, declara oficialmente que está no céu e pode ser venerado publicamente.

- Canonizar não é fazer alguém "virar" santo, porque esse alguém já era santo quando morreu. É colocar alguém na lista (cânone) dos santos.

Santo não canonizado é aquele que está no céu mas não houve nenhum pronunciamento oficial da Igreja sobre ele.










Padre Cícero é um exemplo de santo do povo
não reconhecido oficialmente pela Igreja.





















BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO

O que é Beatificação? É a inclusão de alguém na lista dos Beatos ou Bem-aventurados.

O que é Canonização? Repetindo: é a inclusão de alguém na lista (cânone) dos santos. - Esse processo caminha por etapas. Concedida a licença de Roma para abrir o processo, o candidato recebe automaticamente o titulo de Servo de Deus. Antigamente os santos eram canonizados pelo povo.

Quando morria uma pessoa com fama de santa, o povo comentava: "Era um santo".

Esta aclamação popular era confirmada pelo Papa. Estava canonizado, isto é, entrou na lista dos santos do céu.

Este modo democrático de canonizar vigorou até o século XII.







 
A CANONIZAÇÃO COMO UM PROCESSO ESTRUTURAL

Mas com o aumento de candidatos à canonização, foram surgindo vários perigos.

Num momento de euforia coletiva, podia acontecer de se proclamar santa uma pessoa que não foi tão santa. Ou foi só para alguns.

Outras vezes, para facilitar o andamento do processo, criavam-se lendas piedosas sobre eles, exagerando as suas virtudes.

Portanto, era preciso haver um certo controle para evitar abusos e precipitações.

 Pouco a pouco os bispos, e finalmente, os Papas tomaram sobre si o controle das canonizações.

Com o correr do séculos foram surgindo várias normas, cada vez mais rigorosas.

Em 1983 o Papa João Paulo II achou bom amenizar e simplificar essas normas.

 Vejamos como ficou agora: O processo já pode ser aberto cinco anos após a morte do candidato.

Quem foi seu bispo, consulta o povo sobre a vida e as obras do candidato e encaminha o pedido para a Santa Sé. Ela verifica se "nada consta contra ele", e autoriza a abertura do processo. Começam as etapas:





Primeira etapa: VENERÁVEL 

Consiste em provar através de depoimentos que o candidato à beatificação praticou em grau heróico todas as virtudes cristãs. Esta primeira etapa é como o alicerce de um edifício.

 Sobre ela vão assentar-se os outras andares do edifício ou etapas do processo.


Essa etapa é decisiva para o prosseguimento do processo.

O arcebispo ou bispo instaura um tribunal nomeia seus membros (juiz, promotor, notário).

Convocam-se testemunhas que, sob juramento de dizer a verdade, são interrogadas sobre a vida, as obras e virtudes e os defeitos do candidato.

O que é contado pelas testemunhas durante as sessões, não pode ser publicado ainda.

O papel do vice postulador é convocar testemunhas, estabelecer contatos entre uns e outros. Mas habitualmente não participa das sessões.

A cerimônia da abertura do processo constitui-se a 1a. sessão. As sessões se sucedem.

 Cada uma delas é formada pelos membros do tribunal e a pessoa convocada.

Os depoimentos, fechados e lacrados, vão para Roma, onde são analisados pelos peritos.

Se o parecer for favorável, o candidato é declarado VENERÁVEL.








































Segunda etapa: BEATO 

A Igreja pede a apresentação de um milagre comprovado, alcançado através da intercessão do candidato à beatificação.

 Só valem milagres acontecidos após a morte dele.No decorrer da primeira etapa, recolhem-se graças ou curas extraordinárias.

Forma-se outro tribunal canônico. Convocam-se testemunhas e médicos, para examinar as curas apresentadas.

No caso dos mártires não se exige nenhum milagre.

Para os mártires o processo é mais simples. Basta provar que morreram pela Fé. O derramamento do seu sangue vale por muitos milagres.





Por que a Igreja exige este milagre?

Depoimentos humanos podem incorrer em algum engano, mas os milagres não, porque são realizados por Deus, através da intercessão do candidato à beatificação.

O milagre, portanto, vem confirmar a santidade do candidato.

Se uma cura for declarada inexplicável pela medicina atual e aprovada pela comissão dos teólogos, o candidato pode ser proclamado BEATO ou Bem-aventurado e ser venerado na região onde viveu.

Atualmente basta um milagre para a beatificação. A coisa é lógica. Quem faz um cesto, pode fazer um cento.








































Terceira etapa: SANTO 

Sendo constatado mais um milagre, o candidato é canonizado, isto é, incluído no cânone ou lista dos santos.

Esta proclamação do papa significa que o candidato levou vida santa aqui na terra, está no céu e pode ser cultuado no mundo inteiro como SANTO.

A festa é maior e mais solene do que a festa da beatificação.

Geralmente acontece na Praça de São Pedro em Roma, na presença de grande multidão de fiéis.

Canonizar não é fazer de alguém um santo, pois já era santo aqui na terra.

Canonizar é declarar publica e oficialmente que essa pessoa está no céu, e goza de uma predileção especial de Deus, devido à vida santa que levou na terra.













































Por que um processo de canonização demora tanto?

Já que a proclamação de um santo é uma sentença irrevogável, a Igreja age com muita prudência. O processo exige pesquisa e tempo. A demora é relativa. Alguns santos esperaram alguns séculos. Outros, trinta, cinqüenta anos ou menos. Santa Paulina demorou quase cinqüenta anos. Santo Antônio foi canonizado apenas onze meses após a sua morte.

As causas dessa demora são muitas. Referem-se a nós e não ao candidato, que já está bem tranqüilo no céu. Vejamos algumas:

- Falta de documentação sobre a vida do candidato.

- Falta de um milagre comprobatório e documentado.

- Falta de acompanhamento junto aos departamentos da Santa Sé.

- Falta de dinheiro. Qualquer processo ou campanha envolve gastos.

- Descuido em seguir direitinho as leis canônicas.Dá para simplificar o processo?

João Paulo II simplificou bastante o processo das canonizações, mas continuam valendo as três etapas principais. Façamos uma comparação com a criança que estuda para se formar em alguma coisa. Várias etapas devem ser cumpridas. Vários anos devem ser empregados no estudo até que surja o diploma.

Assim acontece com o candidato à canonização.

Com uma diferença apenas: No caso do estudante, é ele quem se ocupa e se preocupa com o título. No caso do candidato à canonização, são seus devotos que procuram conseguir para ele o título de santo.



































Quanto custa um processo desses?

A mesma pergunta vale para quem estuda e se prepara para alguma profissão. Até receber o título ou o diploma, quanto se gastou em anuidades e mensalidades, em material, em livros, em professores, em pesquisas, em viagens, em mil outras coisas... Uma coisa é certa, porém. Os pais ou benfeitores sentem-se recompensados em seus gastos, quando o filho ou protegido atinge o ideal desejado.

Mesmo as despesas dependem do senso de economia dos pais. Em geral filhos de ricos gastam muito mais na formação do que filhos de pobres. Entretanto o diploma é o mesmo.Outro exemplo é uma festa de casamento. O pobre e o rico recebem o mesmo Sacramento, embora um tenha gasto mais do que o outro nos preparativos, etc.

O mesmo acontece num processo de beatificação. Existem as despesas necessárias e as despesas supérfluas. Basta aquele mínimo de despesas necessárias em papéis e peritos, para o candidato ser beatificado. O grau de beatificação não muda, quer se gaste muito ou pouco.É idolatria ter estátuas ou imagens dos santos?Você tem retratos de entes queridos na sua carteira, na sua casa ou no carro. Porque você carrega tais retratos? Certamente para se lembrar daqueles que você ama, para substituir de algum modo sua ausência. Ninguém irá dizer que você os está adorando.

Os mesmos motivos nos levam a ter imagens e quadros de santos. Olhando, por exemplo, para a imagem de Santa Teresinha, que perdeu a mãe quando ainda era pequena, sentimo-nos menos sozinhos no meio do sofrimento. Um quadro de S. Francisco de Assis nos faz lembrar seu amor para com as criaturas de Deus e nos torna mais atentos ao que acontece ao nosso redor.

Imagem, portanto, é a imaginação de alguma pessoa ou objeto que a gente não está vendo pessoalmente.











































Podemos rezar para os santos?

Nós rezamos com os santos, e não para os santos.

Você já pediu a alguém que rezasse por você quando estava passando por momentos difíceis? Por que escolheu aquela determinada pessoa para rezar por você?

Porque confiava nela ou porque compreendia melhor seu problema, ou ainda porque estava unida com Deus. São também estes os motivos que nos levam a invocar os santos em nossas dificuldades.

Já que os santos levaram vida pura e agora estão unidos com Deus no céu, sentimos que suas preces têm um efeito maior. Às vezes recorremos a certos santos porque sabemos que eles têm interesse especial pelo nosso problema. Muitos, p. ex., lembram-se de Santa Mônica quando suas preces parecem não estar sendo atendidas, porque Mônica rezou durante vinte anos pela conversão do filho Agostinho e conseguiu. Santa Rita é invocada nos problemas familiares, porque sofreu muito por causa do marido e dos filhos.







Desde quando a Igreja presta culto aos santos?

A veneração aos santos vem desde o século I. Existem inscrições nas catacumbas de Roma, nas quais se pede a intercessão dos mártires lá sepultados. Já os judeus costumavam honrar seus profetas e santos. Existe uma festa para cada santo durante o ano?A Liturgia poderia ter diariamente dezenas de santos para comemorar. Mas deve priorizar as celebrações do ciclo litúrgico. Por exemplo: Tempo do Advento, do Natal, Quaresma, Páscoa etc.

Já que não é possível celebrar todos, abre espaço para os que têm uma mensagem atual ou fama internacional, etc. Aliás, existe um livro oficial denominado “Martirológio onde estão registrados os nomes de todos os santos e mártires.Por outro lado cada região, ordem religiosa, diocese ou paróquia pode livremente celebrar os santos não incluídos na relação oficial, mas que têm grande importância para eles: São Sebastião, São Cristóvão, São Benedito e muitos padroeiros da respectiva região.






O que é ser santo?

Ser santo é viver em estado de graça, isto é, viver na amizade com Deus no céu e nossos irmãos na terra. Portanto, obedecer aos seus mandamentos.

Existem graus de santidade, como em tudo (no estudo, nos títulos etc.). Este é santo, aquele é mais santo, porque segue mais fielmente a Lei de Deus, tem mais amor. Existem os santos comuns e os santos heróis.





A quem podemos chamar santo?

Por nossa conta, podemos chamar santo a quem acharmos que merece, quer vivo ou morto. "Minha mãe é uma santa". “Meu avô era um santo".

Nos primeiros séculos do Cristianismo o título de santo era dado somente aos mártires, isto é, àqueles que deram a vida por Jesus Cristo. Mártir significa testemunha.

A partir do século IV o nome de santo começou a ser aplicado aos que sobressaiam na prática de todas as virtudes. Seus nomes eram lembrados cada ano por ocasião do aniversário da morte.

O próprio povo apresentava aos bispos, os candidatos à canonização. Eles confirmavam, após um processo muito sumário. Hoje são os Papas que ratificam e proclamam, mas depois de um processo longo e rigoroso.Estão no céu somente os que a Igreja canoniza?É claro que não. Todo aquele que vive e morre na amizade com Deus, é santo. Portanto, no céu deve existir uma multidão incontável de santos.

Muitos poderiam ser canonizados; faltou alguém para promover a causa deles. Talvez estejam mais alto no céu, do que muitos santos que foram canonizados.


Que lição podemos receber dos santos?

A melhor lição que podemos receber dos santos, quer canonizados, quer não, é esta: "Sede santos como vosso Pai é santo!" (1 Ts 4.3) - Se estes e estas puderam, por que não tu, o' Agostinho - exclamava o santo bispo de Hipona.

Existem livros que contam a vida dos santos. Cada dia é apresentado mais de um para a gente conhecer, venerar e imitar. Por isso recomenda-se a sua leitora freqüente.










































































































































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