SÃO VICENTE MÁRTIR
A Igreja comemora no dia de hoje a festa de dois grandes mártires, São Vicente, em cuja memória Santo Agostinho fez diversos sermões, nasceu em Saragossa, na Espanha, e recebeu do Bispo Valério o diaconato.
Valério com dificuldade falava; para que aos diocesanos não faltasse a pregação da palavra divina, encarregou a Vicente da missão de pregar em seu lugar.
O jovem diácono desempenhou-se com tanta proficiência deste cargo, que a diocese de Saragossa se distinguiu pelo espírito de piedade.
Quando Diocleciano principiou a perseguição, apareceu na Espanha seu emissário Daciano, com ordem de exterminar a Igreja Católica naquele país.
Valério e Vicente foram as primeiras vítimas.
Valério foi mandado ao desterro, e Vicente submetido a cruéis torturas.
Tão desumanas foram, que – assim opina Santo Agostinho – para sofre-las era preciso uma assistência divina especial.
O mesmo Santo Padre elogia Vicente uma paciência angélica, uma tranqüilidade imperturbável e uma paz tão extraordinária, que causou admiração e espanto até aos próprios algozes.
Daciano, ao ver isto, não pôde dominar a fúria, que se lhe manifestava no olhar faiscante e na voz trêmula.
Ferro e fogo foram os instrumentos de que Daciano se serviu, para martirizar o santo diácono.
Ele foi estirado na prateleira e, quando ele estava quase quebrado, Daciano, perguntou com escárnio: " como se sente agora?"
Vicente respondeu com alegria em seu rosto, que ele tinha rezado para estar asssim por amor de Cristo .
A carne do mártir foi rasgada com ganchos, ele foi amarrado em uma cadeira de ferro em brasa, banha e sal foram esfregadas em suas feridas, e em meio a tudo isso, ele mantinha os olhos erguidos para o céu, e permanecia impassível.
Ele foi lançado em um calabouço solitário, com os pés no tronco, mas os anjos de Cristo iluminaram as trevas, e asseguraram a Vincente que ele estava perto de seu triunfo.
O cárcere do mártir encheu-se de grande luz, e os Anjos desceram, cantando com Vicente o louvor de Deus.
O próprio carcereiro, vendo este espetáculo, converteu-se ao cristianismo e recebeu o batismo.
Os cristãos a que antes era vedado entrar em comunicação com o diácono-mártir, aproximaram-se-lhe, beijaram-lhe as feridas e embeberam panos em seu sangue, guardando-os como preciosas relíquias.
Para que os cristãos nada pudessem fazer com o corpo do mártir, Daciano deu ordem que fosse lançado num pântano, mas um corvo defendeu-o contra as feras.
Mandou então que o atirassem ao mar, mas o mar despejou-o.
Os cristãos tomaram o corpo e sepultaram-no numa capela perto de valência.
procissão de são vicente em valência
Mais tarde as santas relíquias foram transportadas para a abadia de Castres, em Languedoc, na França, ocasião em que se observaram muitos milagres.
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SANTO ANASTÁCIO
Chosroas, rei da Pérsia, tomou Jerusalém em 614 e nesta ocasião se apoderou do santo Lenho e levou-o consigo.
Deus serviu-se desta circunstância, para operar a salvação de muitos Persas.
Um deles foi Anastácio, filho de um célebre feiticeiro. A santa Cruz, de que tanto se falava, excitou-lhe também a curiosidade e desejo de vê-la.
Sem ter a intenção de abraçar a religião de Cristo, nela se instruiu e a admiração crescia-lhe, à media que se aprofundava nos santos mistérios.
Depois de algum tempo, se dirigiu a Hierápolis, hospedando-se em casa de um artista cristão. Este, no intuito de fazê-lo conhecer a fundo a religião cristã, convidou-o para assistir a diversas reuniões cristãs.
As santas imagens, as representações dos santos mártires tocaram-lhe o coração bem ao vivo e despertaram-lhe o desejo de, como eles, um dia poder sacrificar a vida em testemunho da fé, que estava prestes a abraçar.
Após longa preparação, recebeu o santo Batismo e entrou para um convento em Jerusalém.
Tinha um zelo tão vivo e ardente, que em pouco tempo, entre os irmãos, era o primeiro em virtude e santidade.
Tinha por leitura predileta, além da Bíblia, a história dos mártires.
As lutas e vitórias, os triunfos dos heróis comoviam-no até lágrimas e cada vez mais pronunciado se lhe tornava o desejo de morrer pela fé, o que fez com que saísse do convento e se dirigisse a Cesaréia, na Palestina.
Vendo entre os soldados alguns que cometiam atos vergonhosos, censurou-os energicamente.
Este rigor chamou a atenção do governador, que suspeitava de Anastácio um espião e mandou-o prender.
Perguntado pela religião que professava, Anastácio respondeu que tinha abandonado a magia, para ser cristão.
Não faltaram promessas e ameaças para fazê-lo renunciar à fé – Anastácio permaneceu firme.
Seguiram-se então os maus tratos e verdadeiras torturas. Anastácio, porém, para tudo só tinha uma resposta:
“Sou cristão, e como cristão quero morrer”.
São Justino, seu abade, sabendo dos sofrimentos que o súdito sofria por amor de Cristo, mandou que a comunidade rezasse pelo pobre perseguido, para que não lhe faltasse a graça divina.
Destacou dois monges, que o deviam visitar e consolar.
Da Palestina foi Anastácio, por ordem do imperador, transportado para a Pérsia.
Lá o esperava o martírio tão almejado.
Chosroas envidou primeiro todos os esforços para afastá-lo da religião cristã.
Ofereceu-lhe uma alta patente no exército; permitiu-lhe viver como simples monge, contanto que só verbalmente negasse a fé cristã, embora de coração continuasse fiel discípulo de Cristo:
“Que mal poderia causar esta negação? Poderá haver nisto uma ofensa a Cristo, se de coração com ele ficas unido?”
Anastácio declarou que teria horror até da sombra da hipocrisia. De novo lhe foram oferecidas colocações honrosas.
A resposta de Anastácio foi a mesma:
“A pobreza do meu hábito – disse ao general – fala-te eloqüentemente do desprezo que tenho pelas vaidades do mundo. Honras e riquezas de um rei, que hoje existe e amanhã será pó, não me tentam!”
Vendo assim frustradas as tentativas , o rei recorreu à tortura. Cada dia era aplicado um novo tormento, experimentada nova provação. Anastácio, porém, preferiu sofrer a negar a fé.
O dia 22 de janeiro de 628 trouxe-lhe afinal a salvação e a glória.
Esgotadas a paciência e crueldade do rei, deu o mesmo ordem de enforcar e decapitar o santo mártir.
Pouco antes da morte, Anastácio tinha predito a morte do tirano Chosroas. Esta profecia realizou-se dez dias depois, quando o imperador Heráclito invadiu e conquistou a Pérsia.
O corpo do Santo, que tinha sido atirado aos cães, foi por estes respeitado.
Os fiéis resgataram-no e deram-lhe sepultura no convento de São Sérgio.
As relíquias foram mais tarde transportadas para Constantinopla e de lá para Roma.
Santo Anastácio é padroeiro dos ourives, porque gozava da hospitalidade de um ourives, por ele instruído na religião.
È invocado também em grandes tentações e em casos de possessão diabólica, porque pela aplicação das suas relíquias a um médico persa, possesso, este ficou livre da possessão.
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